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Reunião de Bolsonaro mostra descaso com mortes pela covid-19

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O vídeo da reunião de Jair Bolsonaro com seus ministros no dia 22 de abril, cujo conteúdo foi liberado na última sexta-feira, 22/05, pelo ministro do STF Celso de Mello, revela a falta de estratégia —e até de interesse— do Governo para lidar com a pandemia do novo coronavírus no Brasil, que já provocou 21.048 mortes (com 1.001 novos óbitos notificados em 24 horas). De acordo com o Ministério da Saúde, o país já soma 330.890 casos de covid-19 (135.430 pessoas já se recuperaram da doença), número que fez o Brasil superar a Rússia (326.448 casos) em números de infectados e assumir o segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Naquela que foi a primeira reunião de Nelson Teich à frente do Ministério da Saúde —ele substituiu Luiz Henrique Mandetta e pediu exoneração no dia 15 de maio—, o então ministro não foi perguntado sobre possíveis medidas para conter a pandemia, mas foi cobrado sobre um plano de “transição” ou “saída” do isolamento social para retomar a economia, a prioridade de Bolsonaro durante a crise sanitária. “A gente está trazendo um reforço para acelerar esse processo. Porque, na verdade, a gente tá correndo contra o tempo. Enquanto a gente não conseguir controlar a percepção de que a gente hoje tem condição de cuidar das pessoas, vai ser difícil, né?”, respondeu Teich. O agora ex-ministro da Saúde argumentou que, antes de flexibilizar as medidas de isolamento, seria preciso fortalecer o sistema hospitalar, que, segundo ele, pode sair “sucateado” da crise do novo coronavírus. “Você tem muita gente falando de covid, mas os hospitais estão diminuindo muito o atendimento. O que significa que eles vão ter problema financeiro. Se isso prorroga, esses hospitais vão ter cada vez mais dificuldades, você vai poder ter um hospital mais sucateado ou um hospital fechado. O que que tá acontecendo hoje? Vamos botar em números hoje, que a gente tenha quatro milhões de pessoas hoje com a covid. Brasil hoje tem duzentos e doze milhões de pessoas. Tem duzentos e oito milhões que não estão tendo atenção necessária. É câncer, [problema] cardiovascular. Isso tudo tá represado, é demanda reprimida. Quando você controlar a covid, o não covid vai chegar com tudo, e você pode pegar uma estrutura sucateada. Aí vai ser"... “Vai ser o caos”, completou o ministro-chefe da Casa Civil, Ernesto Braga Netto. Nenhum dos dois apontou, no entanto, soluções ou projetos para aprimorar o sistema de hospitais. Em um outro momento da reunião, Bolsonaro, militar reformado, que já disse que não corre risco de ser infectado pelo novo coronavírus por ter “porte de atleta”, seguiu insistindo na tese, já desmentida pelos números e casos, de que apenas pessoas mais velhas ou com condições agravantes de saúde sofre com a doença. O presidente insistiu na necessidade de “não assustar a população” e pediu que ministérios notificassem comorbidades nos casos de policiais ou soldados mortos por covid-19. O presidente disse que ligou para o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal ao saber que um patrulheiro morreu pela doença e reclamou que na “nota” de óbito não constavam possíveis agravantes de saúde do indivíduo. “Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar covid-19, mas bota também tinha fibrose... montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população. Porque a gente olha, morreu um sargento do Exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população”, disse o presidente. El País Brasil